Neste número apresentamos a você uma história diferente: a do Pequeno Pajé. Ele foi feito para as crianças do Vale do Amanhecer, principalmente os filhos dos Médiuns.
Essa história poderia chamar-se também “O Pirata da Aldeia Encantada” ou “Em busca da Aldeia Encantada”. Preferimos esse nome porque as crianças do Vale já se acostumaram com o Pequeno Pajé.
O Pequeno Pajé do Vale do Amanhecer é uma pequena organização, que funciona paralela com as atividades do Templo do Amanhecer. Destina-se ele a ambientar as crianças, até os 14 anos, com a atividade Mediúnica.
Até essa idade as crianças se familiarizam com a Mediunidade, sem praticar o Mediunismo. O Pequeno Pajé se incumbe de satisfazer as necessidades psicológicas, ao mesmo tempo que afasta suas mentes do Espiritismo, do fenômeno Mediúnico, principalmente em seus aspectos angustiados.
As crianças cantam, brincam, recebem Passes, são tratadas pelos Mentores Espirituais, tudo sem falar em Mediunidade, Espiritismo ou Religião.
Essa atitude se fundamenta no conhecimento da fisiologia da Mediunidade. A Energia Mediúnica é produzida na intimidade dos ossos, na medula, no “tutano”. Desde a formação do feto humano, até mais ou menos 7 anos de idade, essa energia se dilui no organismo, de tal maneira que toda criança é um “Médium natural”.
Esse fenômeno varia de criança para criança, dependendo de fatores complexos que circundam cada uma, mas de um modo geral, todas “vêem”, “escutam”, “tocam” o Mundo Invisível. As crianças “se comunicam” tão naturalmente com o Mundo Invisível como com o Mundo Físico, na proporção inversa das idades. Os sentidos vão se desenvolvendo e se firmando e, nessa proporção vão diminuindo as percepções do Mundo Invisível até desaparecerem quase por completo na faixa dos 7 anos.
Por isso, quando a gente vê um grupinho de crianças brincando de “casinha” ou coisa parecida, a gente deve levar tão a sério como elas levam. No meio da brincadeira existem personagens que nós não vemos, mas que as crianças vêem... Também quando nosso filhinho estiver brincando sozinho e estiver falando “com alguém”, respeite seus amigos e finja que está vendo...
Esse fenômeno é muito mais intenso quando os Médiuns da casa, a mãe, o pai ou outros adultos que morem na mesma casa, não são Médiuns desenvolvidos e a carga recai mais sobre as crianças.
A pior coisa que se pode fazer numa circunstância dessas é achar engraçado e incentivar atitudes Espíritas nas crianças. Diante de um fenômeno tão simples quanto esse os pais costumam achar que seus filhos são “geniosinhos” e os fazem exibir-se para os amigos...
Dos 7 anos aos 14 o fenômeno toma uma direção diferente. A partir dos 7 anos a criança começa a esticar, a crescer, principalmente o esqueleto, os ossos. O gasto de energia é tanto (a mesma energia que falamos acima), que o fenômeno se inverte: o adolescente perde a noção da realidade, perde a segurança do Mundo Invisível e começa a depender de sua imaginação. Ele começa a depender tanto dos sentidos físicos que os exagera. A voz luta por se firmar, os olhos começam a depender mais dos contornos físicos e da iluminação ambiente e ele não sabe o que fazer com as mãos.
Os adultos não devem confundir essa luta pela afirmação psicofísica com o fenômeno Mediúnico do Espiritismo. Se isso acontece e o adolescente for levado ao Trabalho Mediúnico, há muitas possibilidades da deformação de sua personalidade e até mesmo de seu corpo.
O que dissemos até agora é o suficiente para explicar as razões do Pequeno Pajé do Vale do Amanhecer, as razões que poderiam ser chamadas de “negativas”.
Mas, perguntarão as pessoas que nos lêem, e a Religião? Uma criança deve ser criada sem Religião?
Sim, responderemos nós, é lógico que as crianças devem ter uma Religião. Mas essa Religião deve ser natural, tão lógica que ela não tenha que abandona-la tão pronto se sinta adulta...
É disso que nossa Pequena História de hoje procura nos dar um exemplo.
Todo adulto sonha com uma “Aldeia Encantada”.
Todos buscamos algo em que possamos confiar e agir.
Essa é a “nossa” Religião, um aspecto particular e único da nossa formação multidimensional, a necessidade de relacionamento com outros Planos de nosso universo particular, a busca do “nosso” Deus...
É mais honesto que os Missionários facilitem esse mecanismo do que fornecerem às crianças uma religião particular, sob medida de nossos interesses, mas inadequada àquela criança, àquele Ser único e inigualável. Procedendo assim, tanto os pais como os Sacerdotes apenas vão garantir àquele Ser a angústia de ter que se libertar, quando se tornarem adultos e perceberem o logro...
JESUS E AS CRIANÇAS
13. Depois, trouxeram-lhe (algumas) crianças para que impusesse as mãos sobre elas e orasse; os discípulos, porém, as repreendiam.
14. Mas Jesus disse: “Deixai as crianças e não proibais que venham a mim, porque destas é o reino dos céus”.
15. E depois que lhes impôs as mãos, partiu dali.
Mateus, 19:13-15.
Era uma vez um jovem casal de cientistas.
Eles viviam numa grande cidade e trabalhavam nos laboratórios da Universidade. Haviam se tornado cientistas porque gostavam de estudar. Seu maior sonho era viajar em busca da ALDEIA ENCANTADA, uma linda história que conheciam desde crianças.
Trabalharam, trabalharam, até que puderam construir um barco capaz de enfrentar o alto mar. O barco era lindo, com velas coloridas e todo conforto. Havia até mesmo um motor auxiliar, para que eles pudessem enfrentar as tempestades ou navegar quando não houvesse vento para suas velas.
Finalmente, chegou o dia em que eles decidiram sair em busca da ALDEIA ENCANTADA. Até então, eles haviam acumulado conhecimentos e equipamentos para todo tipo de pesquisas. Despediram-se dos seus amigos e muita gente chorou de emoção. O jovem casal era muito querido na comunidade.
Como indicação levavam, apenas, o sonho de criança e a confiança nas Estrelas do Céu. Assim, viajaram por muitos oceanos, viram muitas terras e gentes. Conheceram os perigos dos mares bravios, viram toda sorte de fenômenos, animais estranhos e gigantescos. Certa vez foram acompanhados, quase uma semana, por um bando de golfinhos que pulavam em torno do seu minúsculo veleiro e brincavam com o jovem casal. Paravam pouco tempo em cada lugar. Não perguntavam pela ALDEIA ENCANTADA, porque não queriam arriscar o sonho de seu coração com pessoas que não queriam compreende-los.
Assim, já haviam percorrido muitos lugares e sua alegria já estava se acabando. Passavam o dia cuidando dos afazeres da viagem, mas já não conversavam muito. Havia em seu semblante um pressentimento de que estavam chegando ao término da jornada e isso os deixava com um misto de tristeza e sobriedade.
Um dia avistaram uma terra na qual se destacava uma montanha muito alta. Em torno do pico da montanha as nuvens faziam anéis e do seu cume saía uma fumaça branca.
Sentiram o coração bater mais apressado e rumaram para a terra, com a segurança de quem sabia o que estava fazendo. Além da praia de areias alvíssimas, via-se uma luxuriante vegetação e, bem no fundo, na encosta da montanha, mais alto que o nível do mar, uma cidade!
Pelas estradas que atravessavam a vegetação, vinham caminhando os habitantes da Aldeia que há muito haviam visto o barco chegando.
A recepção foi alegre e o jovem casal sentia-se à vontade, como se estivessem sendo esperados. A língua que aquele povo falava era muito estranha, não se comparava com nenhuma das línguas conhecidas. Mas o interessante é que não havia dificuldade para eles se entenderem! O jovem casal se instalou numa modesta casinha e desembarcou todo seu material de pesquisa. Sabiam agora que aquela era a ALDEIA ENCANTADA! Haviam chegado ao seu destino.
Como eram cientistas eles faziam muitas perguntas aos moradores, mas eles pareciam saber muito pouco a respeito de si mesmos. Tudo que eles procuravam saber recebiam como resposta, que quem poderia informar era o Velho Sábio que morava numa colina acima da ALDEIA.
Chegou o dia em que eles decidiram procurar o Velho Sábio. Não foi fácil chegar até ele. Os moradores pareciam ter ciúme ou medo dele, e só a custo conseguiram o guia que os levaria até lá. O guia também estava com medo, e vacilou muito levando-os por muitas horas, por caminhos diversos do que pretendiam.
Eles começaram a se cansar, e já estavam para desistir quando depararam com uma linda casinha e ouviram a voz do Velho Sábio!
Estacaram medrosos e surpresos. Na porta estava um velho portentoso, de ombros largos e feições bondosas. Usava uma barba branca que combinava com seus alvos cabelos, formando uma moldura suave para seu rosto bom.
“– OH, MEUS JOVENS CIENTISTAS! Exclamou ele com voz forte. Sejam bem vindos à ALDEIA ENCANTADA! Vamos, entrem”.
Diante da figura imponente do Velho Sábio, o jovem casal sentiu-se pequeno e amedrontado, a ponto de gaguejar. Agarradinhos um ao outro, foram entrando na modesta sala, ao mesmo tempo que balbuciavam:
– Viemos de longe em busca desta ALDEIA e gostaríamos de saber sobre ela. Disseram-nos que o senhor nos diria tudo o que sabe. Ao mesmo tempo gostaríamos de fazer o que pudéssemos. Sentimos que, também, temos alguma coisa a fazer aqui.
É verdade, disse o Velho Sábio, estou pronto a dizer tudo que somos aqui. E passou a contar a eles a triste história da ALDEIA ENCANTADA.
Eu fui um grande pirata, muito temido, e aqui cheguei há muitos anos. Somados esses anos, com os que eu tinha, eu hoje já tenho duzentos anos de idade. Aqui cheguei no auge de minhas forças e, com meus homens eu causei uma grande destruição. Aqui vivia um povo humilde e amoroso. As ruas tinham lindas árvores e caramanchões de flores. Todas as casas tinham jardins que eram cultivados com carinho pelos Aldeões. Do alto daquele morro descia uma torrente de água, formando uma linda cascata. Nas noites de luar, os habitantes vinham assistir à Dança dos Encantados que se realizava na praça central. Essa dança era um contato com a Força da Lua e, através dessa energia, os Encantados vinham saudar o povo da ALDEIA.
Às vezes – continuou o Velho Sábio – eu ficava muito triste pensando nas coisas mal feitas que fizera antes de conhecer esta Aldeia...
– Como? Interrompeu o jovem cientista.
– Então o senhor já fez muitas maldades?
– Sim! – Respondeu o antigo pirata – Já fiz muita destruição, principalmente aqui, quando cheguei com intenções de esconder o meu tesouro.
– Tesouro? Então o senhor tinha um tesouro, era um homem rico?
Sim e não, foi a enigmática resposta. Como o meu jovem deve saber, piratas matavam para roubar e acumulavam o fruto de seus roubos em peças de ouro, jóias e pequenos objetos. Armazenavam tudo em pequenas arcas e procuravam um lugar ermo onde as enterravam. Assim, eu vim parar nessa ALDEIA ENCANTADA. Ancorei o meu navio na enseada e o povo veio me receber todo feliz. Eu, porém, reagi com truculência e meus homens, encharcados de rum, atacaram a todos com ferocidade. O povo, então, aterrorizado, fugiu para as montanhas e procurou proteção no Velho Pajé...
Velho Pajé? Quem era ele?
Logo vocês ficarão sabendo. Respondeu pensativo o antigo pirata. Quando eu soube que o povo estava se refugiando junto ao Velho Pajé, eu estava com meus homens aproveitando a ausência dos habitantes e saqueando a ALDEIA. Destruí muita coisa e, com isso, as flores murcharam, os jardins ficaram espezinhados e a cascata parou de correr.
– Então, o que o senhor fez?
– Fui atrás do Velho Pajé.
– Mas o que foi que o motivou a se arriscar? Afinal, o senhor tinha a ALDEIA nas mãos e não sabia o que iria encontrar lá em cima.
– Ninguém me motivou coisa alguma. Fui por conta própria. Meus homens eram supersticiosos e não se sentiam encorajados a subir. Fui e tive a maior das minhas surpresas.
– Naturalmente o senhor conseguiu vence-lo, não foi?
– Não, meu jovem! Ao contrário do que pensava, o meu encontro com o Pajé foi a maior experiência da minha vida. De fato eu cheguei junto a ele com toda a minha ferocidade de pirata.
Porém, ao defrontar-me com o seu olhar profundo, expressão que nunca tinha visto em toda a minha vida, nos sete mares da Terra, eu me derreti como se fosse gelatina.
De longe gritei para meus homens que trouxessem a arca do tesouro e a coloquei aos pés dele dizendo:
Tome, esse tesouro é seu.
Ele, porém, continuou a me olhar como se nada tivesse ouvido. Senti que estava passando por uma espécie de hipnose que me transformava por dentro. De repente, olhei para o tesouro que havia sido depositado nos pés do Pajé e percebi que ele perdera todo valor para mim. Minha ganância habitual desapareceu como desapareceram muitas coisas da minha mente, muita coisa ruim. Era como se tirassem dela todo o mal que existia.
– Você disse da sua mente. E do seu coração? Não desapareceu o mal?
– Não! Respondeu o Velho Pirata. Não existe mal no coração. A sua estrutura, a formação do coração, do sentimento, vem de Deus e é puro. É a nossa mente que nos desperta para o mal ou para o bem. Todos trazemos no coração o bem que é a Essência Divina. Somos semelhantes a Deus, somos bons. A mente é que polui, deturpa.
Foi horrível – Continuou ele – Meus homens haviam aberto a arca e as jóias que compunham meu tesouro brilhavam e faiscavam a luz do sol. Entretanto, ninguém parecia ligar a menor importância, nem os Aldeões, nem meus homens, e nem mesmo eu. Permanecíamos como que absorvidos na força do olhar do Pajé. Então, eu comecei a me sentir mesquinho, pequeno e ridículo. Eu havia apanhado um punhado de pedras preciosas com a idéia de atrair o olhar do Pajé. Porém, na medida em que o silêncio se prolongava, as pedras iam caindo por entre os meus dedos, e eu me sentia abobalhado, sem saber bem o que estava acontecendo. Ninguém proferia uma palavra e somente a personalidade do Pajé dominava o cenário.
Por fim, o próprio Pajé quebrou o encanto.
– Salve Deus, meu filho – Disse ele.
Entre e sente-se. E eu obedeci automaticamente, sentando-me num banquinho no interior da cabana. Entrei numa espécie de transe e, quando dei por mim, eu senti que estava me transportando. Vi, então, que o Pajé abria uma porta que dava para uma espécie de planície que ia até o horizonte.
– Olhe. – Disse ele – Olhe para o seu passado!
Vi, então, inúmeras cenas de meus assaltos, de meus roubos, e vi também as pessoas que havia despojado de seus bens. Muitos ainda se lamentavam pela falta das coisas preciosas que eu havia roubado. Senti, então, uma enorme tristeza ao ver a prova viva dos meus crimes.
Quando voltei a mim, o Pajé continuava de pé me olhando. Perguntei: – E agora, meu bom Pajé? Que devo fazer de minha vida?
– A primeira coisa é esperar que toda essa gente que você prejudicou pare de vibrar em você.
– Mas, porque tenho que esperar?
– Porque você só irá recuperar a paz de seu coração quando essas pessoas se desligarem, quando se recuperarem dos males que lhes fez.
– Meu Deus! Exclamei. E eu, que destruí também grande parte da ALDEIA!
– É verdade – Continuou o Pajé – Se você quer, realmente, a sua verdadeira paz, terá que permanecer aqui como um prisioneiro, até que tudo se equilibre. Ficando aqui e procedendo direitinho, sua sorte mudará e, então, tudo ficará bem outra vez. Se você tiver sorte, virão cientistas de outro Plano e repararão alguns males que você fez. Veja, por exemplo, aquela cascata que já não corre mais. Só os cientistas do além saberão recuperar o seu mecanismo.
Diante daquela perspectiva, minha alma se rebelou e eu disse:
– E, se porventura, eu me recusar a permanecer aqui como prisioneiro?
– Ora, disse o Pajé, você é livre e pode ficar ou ir. Use o seu livre arbítrio.
Eu, então, respondi que queria apenas a minha paz.
Ele, então, me disse: – Esta ALDEIA é encantada e, mesmo que você tentasse, não conseguiria sair daqui. Os Gênios Encantados não deixariam. As pessoas só saem daqui, quando estão felizes e equilibradas. No fundo, é a sua própria consciência que não o deixaria sair.
– Oh, meu Deus! Gritei com a alma dolorida.
– Quer dizer que o senhor apelou a Deus? Interpelou um dos jovens cientistas.
– Não, eu não apelei a Deus. Eu dei esse grito ao pensar no sofrimento daquelas pessoas a quem eu fizera mal.
– Mas, isso é grande! Gritou o jovem casal de cientistas.
Queremos conhecer esse Pajé tão bom!
Pois não, respondeu o Velho Pirata. Vamos até lá. Mas, teremos que ir imediatamente. Tenho um pressentimento que sua Missão nessa ALDEIA está se acabando!
Puseram-se a caminho da montanha do Pequeno Pajé e ficaram maravilhados. Ele era cheio de rosas e flores variadas. De quando em vez, deparavam com pequenos índios que lhes apontavam suas flechas. Ao reconhecerem o Velho Pirata, eles abaixavam seus arcos e os deixavam passar. Os cientistas não puderam sopitar a sua curiosidade, e perguntaram ao Velho Pirata de onde haviam vindo aqueles Indiozinhos.
Eles são a guarda do Pequeno Pajé. Eles são encantados.
Os cientistas, então, tiveram uma inspiração e disseram:
– Salve Deus! Sejam bem vindos à Tenda do Pequeno Pajé!
Os cientistas notaram a consideração que eles dispensavam ao Velho Pirata, e guardaram as suas perguntas para serem feitas oportunamente.
O encontro dos dois Sábios e o jovem casal foi maravilhoso. O Pequeno Pajé saudou os cientistas dizendo palavras amáveis.
Em seguida, revelou muitos segredos científicos de sua tribo, inclusive alguns que ainda eram mistérios, até mesmo para os mais antigos do Clã. Dentre eles, os cientistas ficaram sabendo porque a cascata parara e, como ele, o Pequeno Pajé tivera que ficar até que aparecesse alguém que a fizesse jorrar de novo.
Agora é a sua vez! Disse ele aos cientistas.
E eles responderam: – Se tudo que você nos ensinou é verdadeiro, nós faremos isso agora mesmo.
– Sim – disse o Pajé – Tudo é verdade e lhes afirmo neste instante:
– Se suas mentes forem limpas, sem qualquer fanatismo, pelo bem ou pelo mal. Se souberem amar cientificamente e distinguir a pequena Estrela. Disseram a uma só voz, os três. E comentaram entre si: quando as chamas crescem, queimam a mais.
– Sim, disse o Pequeno Pajé. Aquela fogueira representa o homem e a Estrela é seu coração.
Quando o homem odeia, ele queima o amor e as chamas se acentuam, ferindo sua própria estrela, seu próprio coração.
Nesta Aldeia vocês encontrarão alívio para todos os males. Neste Velho Pirata vocês encontrarão a Sabedoria acumulada nos seus 200 anos de vida.
A Aldeia Encantada estava silenciosa, quando, de repente se ouviu o barulho da água caindo de novo na cascata. O povo pulou de alegria, mas, logo voltou a ficar quieto quando o Pequeno Pajé veio para se despedir de todos. Sua missão ali estava cumprida. À chegada do Velho Sábio sentiu que toda aquela gente o amava, que a cascata corria de novo e que, apenas ele se distanciara de todos, pois passara para outro Plano!
O Pequeno Pajé, então, tomou um ar solene e, na presença de todo o povo da Aldeia Encantada passou os seus poderes ao antigo Pirata, hoje o Velho Sábio, para que governasse em seu lugar, pois, a partir daquele momento, ele partiria para outras missões em outros mundos.
Pai nosso que estais nos céus
Na glória da criação;
Ouve esta humilde oração
Dos pequenos lábios meus.
Santificado Senhor,
Seja o teu nome divino
Em minha alma de menino
Que confia em teu amor.
Venha a nós o teu reinado,
De paz e misericórdia
Espalha a luz e a concórdia
Sobre o mundo atormentado.
Que a tua bondade assim,
Que não hesita e não erra,
Seja feita em toda a Terra,
Em todo o céu sem fim.
Irmãos de toda a Terra,
Amai-vos uns aos outros.
Irmãos de toda a Terra,
Amai-vos uns aos outros.
Irmãos de toda a Terra,
Amai-vos uns aos outros.
Hino do Pequeno Pajé
Somos aves em busca de luz
De Jesus queremos saber
Dos nossos titios Jaguares
O Evangelho vamos aprender.
E quando soubermos tudo direitinho
A vida sorri, tudo é facinho.
O Mestre Tumuchy nos prometeu
Da Aldeia Encantada
O Mapa fazer
E quando soubermos tudo direitinho
A vida sorri, tudo é facinho.
Marcharemos em busca do tesouro
Da Aldeia Encantada do Velho Pajé
Da ira, da dor, do Sábio Pirata
Duzentos anos de castigo ficou.
E quando soubermos tudo direitinho
A vida sorri, tudo é facinho.
Tia Noemi e Tio Carlinhos
Os nossos queridos titios com amor
Salve Deus Tio Assis, Salve Deus!
O Pequeno Pajé se formou.
E quando soubermos tudo direitinho
A vida sorri, tudo é facinho.
Pelo Espírito do General. Médium – Tia Neiva.
Vale do Amanhecer, 17 de novembro de 1975.
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